quarta-feira, novembro 08, 2006

Cinzas e pó

Devolvo-me ao sítio de onde vim.
Devolvo-me às cinzas e pó. Sou apenas cinzas e pó.
Arde uma vela que tenta iluminar o cinzento da alma e tudo em redor.
Ao redor de mim, ao redor de ti.
Tudo é pó.
As miragens que observas todos os dias são feitas para te enganar.
Ilusões de que tudo é belo e perfeito.
Nó fim lá nos encontraremos, cobertos de pó… feitos em cinza.
A verdade esconde-se na eternidade. É um segredo que todos descobriremos.
Continua a vela a arder,
Num esforço brutal, por entre tempestades de vidas presas por um fio.
Sou assim. Vivo por tudo o que dei e por tudo o que esperei, proveniente de desejos inacabados, que sobrevivem no meu interior habitado por demónios que devoram tudo em redor.
Ao redor de mim, ao redor de ti.
Tudo é pó.
Quando a vela se apagar, resta-me a esperança de que permaneço dentro de ti. No calor da tua vela. Que sorrias quando vires a minha miragem. Que grites mudamente, o mais alto que puderes, dentro de ti o meu nome. Que suspires de alívio quando a minha voz te embala enquanto dormes.
Só assim continuarei a arder, por ti…
Dentro de ti sou o ser mais belo que a natureza criou.
Sei, e por isso fico aliviado, que assim serei perpetuado e para sempre mais do que simples cinzas e pó.
Aos que amei e hoje não estão ao pé de mim...
Novembro de 2006

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