terça-feira, setembro 01, 2020

Quando o sol desaparece

A data é incerta. 

Digamos uma tarde de Outubro, de sol gentil acariciando a cidade que lentamente se vestia de tons de laranja. Loucos e felizes imunes a essa beleza, a Natureza passou-nos ao lado, não havia espaço para contemplacões. 

Uma tarde como muitas, mas não o seria. 

Queria o destino, amargamente, que seria essa a última vez que o processo se repeteria. Inconscientes da tragédia que nos assombrava continuámos noite fora vivendo na ignorância, que ao se pôr o sol, assim a escuridão se abateu nessa rotina que, inconscientemente talvez, tantos momentos memoráveis trouxe. 

As memórias doem. 

Impossíveis de escapar, como se a minha mente funcionasse como quatro paredes na qual me torturo e sangro de sentimentos. 

Assim fomos nós, caminhos e rotas distintas. 
Distantes. 
Nunca tão perto demos o relevo e importância que aquele pôr do sol merecia. 

Não houve despedidas. 

A passos pequenos caiu a realização em nós que há histórias que não se repetem. Fechou-se o capítulo. Seguros de nós na certeza que o destino sem razão fez de nós vítimas, num pôr do sol que ainda hoje não tem fim.

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