sexta-feira, setembro 22, 2006

Telepatia (2º acto)

Act two
Uma manhã houve que Tim não se levantou para lhe dar os bons dias. Estranho… foi ter com ele e Tim parecia doente e melancólico, emitia alguns gemidos mas que não pareciam vir de qualquer dor física. É a primeira vez que o vê assim. De cada vez que se preparava para sair de casa em direcção ao trabalho Tim parecia intensificar os seus gemidos. Mas teve que sair na mesma ou o italiano despedia-o e iria ser extremamente difícil tentar iludir outro patrão sobre a condição de ser seropositivo. De qualquer das formas iria vê-lo de novo quando chegasse.
Chegado ao trabalho o italiano gritou-lhe que não tolerava mais atrasos e que se estava pouco lixando para se o cão estivesse doente. Tinha uma entrega para fazer de 5 pizzas que lhe sairiam do bolso se chegasse atrasada. Era num 62º andar de um edifício bem conhecido. Seria brincadeira? Geralmente era alvo de partidas de gente mal-educada e sem nada melhor para fazer. E a hora, pouco depois das 9 da manhã parecia denunciar isso.
Chegado ao local, e após subir os andares de elevador, confirmou que não era brincadeira. Uma senhora tinha confirmado que estava grávida e ela e as colegas preparavam-se para festejar. Estavam eufóricas!
Mas poucos minutos depois, enquanto esperava pelo pagamento, o impensável acontece. Um estrondo ensurdecedor abana todo o edifício, foi como uma bomba a explodir e a ameaçar ruir toda a estrutura. A alegria transformou-se num cenário dantesco. Veio a saber-se que um avião desgovernado tinha-se despenhado contra o enorme prédio. Que teria provocado isto? Para piorar as coisas os elevadores ficaram unitilizados e os andares por baixo completamente destruídos. Não tinham como sair. Como poderia acontecer uma coisa destas? As chamas começaram a invadir os restantes andares. Encontrava-se numa prisão de fogo, habitada por pânico, lágrimas e gritos. Mulheres abraçadas em choros de desespero como quem vê a vida a ser consumida por chamas que devoram tudo em redor. Mas ele pensou, «esta é a minha hipótese, vou ser famoso em todo o mundo, hoje dia 11 de Setembro toda a gente vai ficar a saber quem sou, o homem mais corajoso do mundo»! Preparava-se para realizar o seu sonho. O que pode passar pela cabeça de um homem neste momento? Sem ser o pânico misturado numa vil aliança com o fumo a roubar-nos o oxigénio?

End of act two
To be continued…

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