Faz agora uns dias confrontei-me com uma insurgente necessidade de escrever. No entanto deparei-me com um grave problema (ou dois): não sabia o que escrever, ou de onde vinha essa necessidade, nem tinha inspiração para o fazer. Acima de tudo quando escrevo procuro não ofender o português, e estava a correr esse risco. Para desgosto meu, anda por aí um dialecto novo onde predominam os "x" e os "k". Onde irá parar esta juventude... Andámox tanto tempo a malhar em xpanhóix e mourox (eh lá!!!) para ixto! K kataxtrofe!
Enfim, o que me saiu foi isto:
De que escrevo?...
Procuro no meu âmago assunto alheio
Entre sentimentos, memórias e livros que leio
E não encontro assunto no qual me atrevo.
Corro as ruas do meu conhecimento,
Cemitério onde jaz a minha inspiração
Sem uma lógica razão
E sem um último momento.
Vida de poeta narcoléptica!
Em estado de absoluta consciência
Porém de perfeita impotência
Entrega-se à escrita sem estética.
É dura esta procura,
Sem solução aparente
E com o inimigo frente-a-frente
Vive o poeta nas ruas da amargura...