terça-feira, setembro 01, 2020

Quando o sol desaparece

A data é incerta. 

Digamos uma tarde de Outubro, de sol gentil acariciando a cidade que lentamente se vestia de tons de laranja. Loucos e felizes imunes a essa beleza, a Natureza passou-nos ao lado, não havia espaço para contemplacões. 

Uma tarde como muitas, mas não o seria. 

Queria o destino, amargamente, que seria essa a última vez que o processo se repeteria. Inconscientes da tragédia que nos assombrava continuámos noite fora vivendo na ignorância, que ao se pôr o sol, assim a escuridão se abateu nessa rotina que, inconscientemente talvez, tantos momentos memoráveis trouxe. 

As memórias doem. 

Impossíveis de escapar, como se a minha mente funcionasse como quatro paredes na qual me torturo e sangro de sentimentos. 

Assim fomos nós, caminhos e rotas distintas. 
Distantes. 
Nunca tão perto demos o relevo e importância que aquele pôr do sol merecia. 

Não houve despedidas. 

A passos pequenos caiu a realização em nós que há histórias que não se repetem. Fechou-se o capítulo. Seguros de nós na certeza que o destino sem razão fez de nós vítimas, num pôr do sol que ainda hoje não tem fim.

sexta-feira, maio 12, 2017

An odd kind of light

We walked through the shade of day,
We walked through the darkest night.
I followed you hand in hand
and walked side by side.
There I felt the chilling warmth
of your odd kind of light.
For your kiss gave me peace
and your arms held me tight.

There is no lost love,
There is no lost fight.
For love is just a cause
Which eventually puts it right.

But now the room is cold and dreary
and the sunset isn´t bright.
I sit in the storm and rain
But safe, under your odd kind of light.

It came the day
the knife crossed my chest.
Ever so soft, ever so might...

Whoever laughed at my pain
Let them know:
There is no greater pain,
There is no greater sight
Then ever loving
Your odd kind of light.


Mouro, R.

quinta-feira, março 02, 2017

Não interessa

Não interessa se o coração parou
e se o caminho é duro

Não interessa se o sol se pôs
e hoje vives no escuro
e hoje, entre nós tornaste-te um muro.

Não interessam as lágrimas
se existe o pecado

Não interessa o beijo perdido
Se o amor foi derrotado.

Interessa o suspiro
E o momento que inspiras no meu abraço
Sinto o teu corpo e já fui apaixonado

Porque recordo aquele beijo
E me lembro que te riste

Queimou-me esse sorriso
Lábios que dizem "nunca desiste"

Porque se vives triste
Inevitavelmente a morte aguarda

Em todo o seu esplendor
Espera de punhal em riste
Espera que baixes a guarda

Pois mais vale uma vida triste
do que dizer
Que nunca sentiste.

sexta-feira, agosto 29, 2014

Acabo em pedaços

O sol pôs-se
A vela apagou-se
Numa memória apenas escura.


A noite aquece
Num beijo que não se esquece
Caminhámos a ponte insegura.


Nela dançámos
E por entra carícias saltámos
Num jogo de delícias e bravura.


Cambaleamos sem deus
em desejos que afogam a vida
num relógio que não avança nem recua.


Começo em rima
Acabo em pedaços
Mergulho as mãos no vidro em estilhaços.


A dor é orgásmica e física,
Não algo que o meu cérebro idealizou.


Vendi as pingas do meu sangue para lucros alheios
Há já muito que se banquetearam nas minhas veias.
Prostrado por entre refeições
acaricío as entranhas da minha alma
...está suja e dormente.


Lavo-me com lágrimas secas que guardei
Bebidas em beijos roubados.


Juntos caímos em ossos quebrados
Numa piscina de mágoas
aqui rimos despreocupados.


Nadei por entre sentimentos perfeitos
que lentamente me digeriram a pele
até ser sangue e flor.


Essa desabrochou perante invernos de corações gelados
E consumiu um burado no peito inocente dos culpados.


Sente o sabor agridoce
por entre os lábios
E deixa que te possua por entre as grades que te libertam.


Ajo demente na invasão etéra dos sentidos
seguindo sem sentido nenhum.


Caminhando para casa
entre as suaves queimaduras no meu corpo.
Não há descanso do guerreiro
pois a morte trás uma eternidade dolorosa
para onde escolheste fugir.


Enterrei nela as memórias sonâmbulas
que me acordam de sonhos que nunca tive
e para os quais saltei do alto do prédio.


O asfalto salva-nos e é lento,
dá-nos tempo para correr por entre a vida e o amor.
Maratonas sem fim onde corremos sem gosto
espero por ti no final.


Sorrio-te cá de cima e aceno um olhar vazio
Encho as espectativas no fechar das cortinas
e os meus pensamentos adormecem no teu abraço
já não embalo os meus ódios que agora correm livremente


Dormente, dormente...
agitado cancelo os pecados que me salivam de raiva


Porquê, Porquê
abandono o corpo crucificado
e juntos aplaudimos a plateia
num espectáculo medonho que deu à maré baixa.


Sentei-me a ver este pôr do sol.
Soprei a vela.
Saltei do prédio.
Com o fechar das cortinas sorrio
e medito de olhos fechados
perante as feridas... acaricio a carne fresca.


Ahhhhh...

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Had I danced

Broken glass of empty blame
Cuts the skin of love,
A sun that blinds and rises above
Lights the shades of glowing shame.

I danced around you like dancing with my god
The empty ball room in silent secrecy
You kissed my soul and ran away
There was no love, just pure mystery.

Blown upon the winds I finally felt free
Had I danced with you one more time
And this ballad would have kissed me to eternity.
Our bodies together
I bathed on the smell of your skin
Unforgettable pleasures
That follow me from dream to dream.

Had I danced with you one more time
And I would have fallen into the depths of happiness
Had I learnt the riddles of your love
And I would still be dancing with my goddess.

quarta-feira, novembro 23, 2011

História

Não sei por onde começar, nunca soube. O sinal de que se chegou ao fim. O mundo correu-me numa parafernália insolente de almas sem sentido e deus dormia quando eu nasci. Jazo em paz e os corvos devoram as minhas entranhas enquanto os aconchego a mim. 3 décadas dizem muito ou nada, apenas decadência. Pedi a minha rendição há já muito tempo, foi-me negada e continuei a viver mil vidas arrastando-me sem aparente direcção. As portas abrem-se, eu limito-me a entrar e vejo que não faço sentido. Tento voar e não consigo. Apago o cigarro no meu peito e as cinzas que piso são as que me saem das feridas. Não tenho dor, deixei de sentir, aquela visão de prazer não o é mais. Não me causa desconforto e não tem importância tirando o sangue que corre e as noites em negro, nada é branco e puro. Coisas assim não sabem igual.
Não há limites para momentos baixo e enterrar-me-ei se necessário. Afogo-me em etanol e a minha vida ganha outro sentido. Tudo parece mais puro e genuíno então. Ajoelho-me para pedir clemência e num gesto sou decapitado. Indolor e incapaz perco-me nos diálogos comigo próprio e aborreço-me até à morte que teima em não me vir buscar.
Testemunho as lágrimas derramadas de guerras que decidi lutar. Percebi, tarde de mais, que ao ser exigente com os outros estava apenas a exigir demasiado de mim. Dediquei-me a causas em queda e lentamente caí no fundo do meu inconsciente. Acordo com o frio da neve na minha casa, as carícias dos corvos que abrem o meu abdómen com os seus bicos afiados. As pessoas que amei fogem por entre as escaras que elas próprias mastigaram na minha carne, juntas formam uma banda que orquestram os sons da minha agonia. A batuta na minha mão, feita da minha pele e osso marca o ritmo, estou prostrado e sem força. Finalmente salvo. A plateia aplaude , a morte em pé. Bravo. A música pára. Ondulo por entre as mãos de quem me trouxe ao mundo e finalmente sinto paz. Adormeço frágil como um feto que não escolheu viver nem morrer. É essa a minha história até hoje.

sábado, agosto 13, 2011

Nothing is what it seems...

There's a place abandoned
and empty in my hearth
It's been used and torn
ready to fall apart

For I have loved a thousand ways
that don't come in any book
Feelings and expressions
that life violently took

I'm an expert now
on thousands way to hate
I do believe that love
chose a different path
and is no longer in my faith

What if I love?
What if i hate?
What is the point
with only my soul at stake?

I sing, I dance and I sleep
Together the deceit
But when I found you
I felt a warmth
my heart always seeked

I'm mesmerized by
the way you simply speak
Your soft and gentle voice
put a hearth where once
there was nothing but a brick

Im made of stone
no blood or bone
A rock, kicked in the way
that you picked, touched
and blown the dust away

Can you nurture and seek the beauty in it?
In a moment that will last more than a mere herth beat?

You see,
I'm just another rough stone
you found in your way
That spent it's time
kicked around,
waiting,
in fine and pure decay

Your kiss as seed
this rock will love and bleed
'Cause now it knows it's true
There is no greater love
than being in love with you