Digamos uma tarde de Outubro, de sol gentil acariciando a cidade que lentamente se vestia de tons de laranja.
Loucos e felizes imunes a essa beleza, a Natureza passou-nos ao lado, não havia espaço para contemplacões.
Uma tarde como muitas, mas não o seria.
Queria o destino, amargamente, que seria essa a última vez que o processo se repeteria.
Inconscientes da tragédia que nos assombrava continuámos noite fora vivendo na ignorância, que ao se pôr o sol, assim a escuridão se abateu nessa rotina que, inconscientemente talvez, tantos momentos memoráveis trouxe.
As memórias doem.
Impossíveis de escapar, como se a minha mente funcionasse como quatro paredes na qual me torturo e sangro de sentimentos.
Assim fomos nós, caminhos e rotas distintas.
Distantes.
Nunca tão perto demos o relevo e importância que aquele pôr do sol merecia.
Não houve despedidas.
A passos pequenos caiu a realização em nós que há histórias que não se repetem.
Fechou-se o capítulo.
Seguros de nós na certeza que o destino sem razão fez de nós vítimas, num pôr do sol que ainda hoje não tem fim.